Apresentação

O Forlibi surgiu da necessidade de unir as línguas brasileiras de imigração com o objetivo de instaurar um diálogo permanente entre estas comunidades linguísticas, e se propõe a ser um espaço de pesquisa, mediação e articulação política em variadas frentes para o fortalecimento das mesmas. Reunindo falantes e representantes das línguas de imigração e de instituições parceiras, tem como propósito delinear ações coletivas para a promoção das línguas nas políticas públicas em nível nacional.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Conheça a história do Evento POMERbr

Breves Palavras Sobre a História do Evento POMERbr

O Evento POMERbr

A proposta de criar um evento Nacional para discutir as questões da cultura, do pertencimento e dos modos de ser dos pomeranos, nasce dentro do contexto da diversidade cultural e tem como pressuposto o Plano Nacional de Direitos Humanos - III (Decreto Nº 7.037, de 21 de Dezembro de 2009.), especialmente nas sua diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade. Esse documento orientador apresenta como objetivos: ‘Afirmação da diversidade para a construção de uma sociedade igualitária; Proteção e promoção da diversidade das expressões culturais como Direito Humano e apresenta como proposição de Ações Programáticas: promover ações de afirmação do direito à diversidade das expressões culturais, garantindo igual dignidade e respeito por todas as culturas’. (PNDH-3, p. 94)

Algumas pequenas ações culturais de registro e de reconhecimento eram executadas nos estados de Rio Grande do Sul e do Espírito Santo em espaços sociais geo-políticos onde habitam pomeranos. Partindo da premissa da Educação Popular que emancipação cultural se faz a partir de reconhecimento de si e dos outros, a proposta da partilha dos olhares de quem somos nós e o que queremos como futuro se colocou como uma necessidade.

Desse modo, o encontro com sujeitos pesquisadores e ativistas culturais foi um caminho natural. Lembro-me muito bem que estava eu em Belo Horizonte apresentando dados da pesquisa sobre os pomeranos da Serra dos Tapes (sul do RS) no ENDIPE 2010, quando ao final de minha apresentação duas pessoas presentes na sala declararam que desejavam falar mais comigo sobre o trabalho. Aguardei então a finalização das demais apresentações e iniciamos o diálogo sobre a questão da cultura pomerana.
Eram duas mulheres vindas do estado do Espírito Santo especialmente para conhecer o trabalho que realizávamos. Quando se apresentaram senti nelas uma certeza, de que eram bem intencionadas e que, ao que tudo parecia, seriam parceiras de uma proposta que eu já vislumbrava a um tempo: a necessidade de reunir os grupos pomeranos espalhados pelo Brasil a fim de problematizar nossa condição na história a partir do registro da memória da cultura com vista a produção de um futuro desejado e necessário. Hoje percebo que minha primeira impressão foi acertada.

Sentados em uma roda de três pessoas, delineamos o que seria o surgimento do POMERbr. Expliquei a elas que estava promovendo no Rio Grande do Sul um Seminário para compartilhar as ações de registro da cultura local tendo a escola como instrumento, tratava-se do evento 'Seminário Cultura e Diversidade: Educação e memória Pomerana no Sul do Sul' que veio a ser denominado I POMERsul. Comentei com elas que tinha conhecimento de trabalhos de pesquisa e de registro da cultura pomerana no ES. E, imaginava ser possível, um dia, realizar um encontro que reuni-se sujeitos interessados em debater a questão pomerana sob os aspectos da memória, da história, da política, da educação e das perspectivas de futuro.

Após breves diálogos nos demos conta de que nossos propósitos eram os mesmos. E dessa conversa inicial ficou uma certeza entre nós: vamos realizar esse encontro. Declarei que lá no RS tínhamos um grupo grande de pessoas envolvidas. Elas declararam que também no ES havia um movimento intenso de pesquisas e ações com o tema. O encontro ia então germinando, ainda não tinha nome, era só uma idéia. Havia uma certeza: vamos realizá-la. E lembro que comentei com elas a necessidade de termos essa iniciativa e que ela custaria muito tempo de nossas vidas e alguns recursos econômicos, mas que a faríamos com poucas, algumas ou muitas pessoas. Que se tivéssemos 5 pessoas discutindo essas questões já teríamos alcançado êxito em nossas proposições.

Nesse encontro estavam: Prof. Carmo Thum, Profa. Síntia e Profa. Adriana V. G. Hartuwig. Falamos de vários nomes de sujeitos que conhecíamos pessoalmente ou por produção bibliográfica que seriam possíveis parceiros nessa empreitada. Me parece que o princípios dos camponeses de que acordo firmado é acordo cumprido se estabeleceu com plenitude. Cada um rumou para sua residência, seus afazeres e compromissos e após alguns dias iniciamos conversas por e-mail, tentando dar forma concreta as idéias lá germinadas. 

E é desses encontros e propósitos que surge POMERbr. O que mais tenho a dizer sobre essa história? Pouco e muito, mas já é uma história compartilhada com mais de uma dezena, que se transformou em centena em pequeno espaço de tempo e que hoje é história de muitos e um fazer coletivo que se espraia por SC, RO, MG. Desejo é que a proposição inicial seja sempre nossa referência: coletivamente necessitamos nos questionar e problematizar quem somos, porque somos e o que desejamos ser enquanto grupo cultural. De resto, a história depende do que agora já é o III POMERbr e do que pode ser, talvez, um POMERMUNDUS.

Manter sempre a clareza de que somos mistura, que só somos na inter-relação com os outros, que somos produtos de muitas expressões e que é na diversidade e no diálogo que encontraremos a possibilidade de futuro.

Escrevo esse relato uma manhã fria de abril, nessas de início de inverno no RS, e casualmente olho para o calendário e dou-me por conta que é 16 de abril de 2013.

Um abraço a todos.
Prof. Dr. Carmo Thum

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